terça-feira, 15 de março de 2016

Ainda sobre o mês da mulher... E a mulher negra?!

É fato que, de forma geral, as histórias das mulheres são muito semelhantes. E isto só reforça o meu discurso de que precisamos sim nos unir.
Entretanto, eu não posso (não devo, não quero e não vou) esquecer que eu faço parte de um grupo específico de mulheres: as mulheres negras. E estar neste grupo me dá embasamento suficiente para falar por mim e por todas as minhas semelhantes.

Ser uma mulher negra é:

- Desde a infância, não se ver representada na TV, no cinema, nas revistas, nos brinquedos, fazendo com que o conceito de beleza seja construído de forma distorcida;


- Desde a infância, odiar o próprio cabelo e lutar durante anos (ou por uma vida inteira) para se enquadrar em um padrão. E frequentemente sem nem se dar conta disto;


- Ser altamente elogiada ao alisar o cabelo e, em contra partida, ser alvo de olhares espantosos (não no bom sentido do espanto) quando resolve assumir o cabelo natural;


- Na adolescência, e talvez na fase adulta também, ser apaixonada pelo guri negro que só tem olhos para as gurias loiras e ter vergonha dos guris brancos por achar que não está "à altura" deles;


- Ver a relação "carnaval>samba>mulata>corpo exposto>cultura inútil de divertimento" ser ano após ano reprisada;


- Ser hiper sexualizada pelos homens, reforçando frequentemente a ideia de que a mulher negra serve para dar prazer;


- Ouvir pessoas brancas e (PASMEM!) negras também, dizendo que todos os itens citados acima são inverdades, exagero e vitimismo!


Há ainda o agravante de ser uma mulher negra no Rio Grande do Sul, também os privilégios de ser uma mulher "negra clara", e uma infinidade de situações não citadas aqui, mas isto é assunto pra outro post.

O que posso dizer é que uma vida inteira de baixa auto-estima é difícil de ser superada, mas que se reconhecer e se redescobrir através da nossa história é um sentimento impagável, e que uma vez alcançado, ninguém pode nos tirar.

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